O mês de maio fechou com a sensação de bênçãos sobre bênçãos, a partir da primeira comemoração do Jubileu de Ouro, em memória da criação da Diocese, em 27 de maio de 1971, pelo Papa Paulo VI, além da elevação da Matriz de São Pedro para Catedral. Essa primeira parte da história jubilar foi celebrada com um memorável tríduo em preparação da Festa, trazendo reflexões e pessoas que souberam laurear esse momento tão importante para a Diocese do Rio Grande.
O primeiro dia do Tríduo, presidido pelo bispo emérito Dom José Mário Stroeher, já trouxe a emoção de Dom José que disse ter colocado para a especial ocasião, a sua casula de 58 anos atrás, quando foi ordenado padre, seu primeiro passo para, anos depois, ter se tornado o segundo bispo de nossa Diocese. Esse primeiro dia foi destacado para lembrar o Papa Paulo VI, hoje santo, que criou a Diocese. Em homenagem, foi colocado um busto dele na nova Capela do Consistório.
No final da missa, Padre Gil Pereira Jr., ao agradecer D. José Mario por presidir a primeira noite do tríduo, destacou que, dos 50 anos de Diocese, 30 anos ele esteve à frente da batalha. “O senhor, mais do que ninguém, faz parte dessa história, motivo pelo qual louvamos a Deus por todo o seu ministério a frente de nossa Diocese”, considerando ainda que cerca de 80% dos atuais padres foi ordenada por D. José Mário.
Já no segundo dia do Tríduo, a missa foi celebrada pelo Arcebispo de Pelotas, Dom Jacinto Bergmann, com a entronização da Benção do Papa Francisco pela celebração do jubileu. Ao final da missa, Dom Jacinto abençoou as mensagens do Papa Francisco pelos 50 anos da Diocese.
Na sua homilia, Dom Jacinto chamou a atenção para a reflexão feita no comentário inicial da celebração eucarística, ou seja, de que se deveria observar três dimensões nessa comemoração jubilar dos 50 anos da Diocese: olhar para o passado com gratidão, olhar para o presente com consciência e olhar para o futuro com esperança. “Nesses três itens está toda a grandeza de comemorar o jubileu”, reforçou ele.
No terceiro dia do Tríduo, a Celebração Eucarística esteve sob responsabilidade do Padre Eduardo Saraiva, um rio-grandino, hoje sacerdote da Diocese de Novo Hamburgo. A Missa foi dedicada ao primeiro Bispo do Rio Grande, Dom Frederico Didonet, cuja urna com os restos mortais foi acolhida, ficando aos pés do altar durante toda a celebração, tendo sido abençoada no seu decorrer.
Mostrando-se muito honrado por estar presente nesse momento que deseja enaltecer a figura de Dom Didonet, Padre Eduardo mostrou a importância dele ter sido o primeiro grande servidor, o primeiro a dar o seu sim à vontade de Deus nessa Diocese. Ele lembrou ainda que, na comemoração dos 10 anos de episcopado de Dom Frederico, o saudoso padre Neri falou sobre o bispo, naquela ocasião, destacando três qualidades suas. A primeira que era um homem justo, no sentido bíblico, de fazer a vontade de Deus, de lutar para fazer o bem, pelas coisas certas. “Estamos fazendo a memória de um homem que deixou o legado de justiça”, disse.
O segundo ponto de que D. Frederico era um homem compreensivo. “Como é bom sermos acolhidos e ouvidos por alguém nos momentos mais difíceis de nossa vida. Aí vem alguém com uma palavra de consolo, de carinho, de afeição”, refletiu. E, por último, que ele era um homem dedicado, tendo se dedicado de corpo e alma, no início dessa Diocese, na organização das paróquias, das pastorais, dos movimentos, na preocupação com as vocações, na questão estrutural. “Foi através do seu serviço, da sua doação, que a Diocese de Rio Grande pôde acontecer de forma tão bonita nessa região ao sul do Brasil”, concluiu.
Ao final da celebração do terceiro dia, padre Gil destacou que o grande presente que daremos a Jesus nesse Jubileu, é a Capela do Consistório, de Adoração Eterna. “E Ele nos dará de presente, a sua presença eucarística nesse local que será de muitas graças e bênçãos. A partir de amanhã, durante todos os dias, enquanto a catedral estiver aberta, somos convidados a vir e adorar Jesus exposto no Santíssimo Sacramento”, complementou.
Em seguida, convidou a todos para se dirigirem à capela, ao lado direito do presbitério da Catedral, que foi inaugurada pelo bispo diocesano, Dom Ricardo Hoepers. Após abençoar a capela, Dom Ricardo desejou “que Jesus Cristo Eucarístico nos inspire e nos dê força, pois Ele é a fonte de nossa missão”.
Festa - Dom Ricardo Hoepers presidiu a Celebração Eucarística em agradecimento pelos 50 anos de criação da Diocese do Rio Grande na manhã de 27 de maio. A missa foi concelebrada pelo Bispo Emérito Dom José Mário Stroeher e contou com a participação do clero, de algumas autoridades e de representantes leigos do povo diocesano. Antes da Missa Solene, porém, todo o clero participou da Adoração ao Santíssimo Sacramento, na Capela do Consistório, recém inaugurada, seguida de uma pequena procissão com o Santíssimo Sacramento ao redor da Catedral.
Na sua pregação, na Missa Solene, Dom Ricardo convidou a todos, nessa comemoração jubilar, a olharem com mais profundidade sobre quem somos nós, qual é a nossa missão nesse tempo atual e o que nós podemos fazer de concreto para realizar o plano de Deus. Segundo ele, essa reflexão exige de todos muita oração e perseverança.
E também, aprender com a história. “Nós vimos que, em 1971, quem assumiu a diocese foi Dom Didonet. Com certeza, um momento difícil, porque a Diocese ainda precisava ser construída. Estava apenas definido um território”, lembrou da história. Mas ponderou que a Diocese, segundo o direito canônico, é uma porção do povo de Deus. “O povo de Deus estava aqui e precisava então, se fortalecer como um povo que acredita e entende como sua história é feita a partir da fé. E se olharmos a história de Rio Grande, desde os seus primórdios, nós já temos sinais de Deus desde quando esta catedral era ainda uma igreja matriz. Inclusive de outros sinais porque chamou-se aqui de Rio Grande de São Pedro”, reforçou.
Para ele, nessa reflexão sobre nossa missão atual, devem ser lembradas e enaltecidas as raízes cristãs dessa história, como também a perseverança de Dom Frederico Didonet, que construiu uma Diocese simples, mas muito bela. E, principalmente muito afetiva, destacou Dom Ricardo, já que existem vários testemunhos de que Dom Didonet era aquele que congregava as pessoas. “Quem conviveu com dom Frederico sabe o quanto ele agregava e o quanto ele se esforçou para organizar essa diocese”, sintetizou.
Fez também um destaque especial a Dom José Mário, pois são 30 anos que, como bispo, organizou a Diocese em todas as necessidades. “Então não podem ser esquecidos seu empenho, sua perseverança, seu suor e também suas dores, pois quantos momentos difíceis passou nessa Diocese”, frisou. Agradeceu a ele por seu testemunho, sua perseverança e sua presença significativa nessa Diocese, nos dando a grande lição de que sempre podemos fazer algo de bom, o que considera importante lembrar, pois quem não persevera não vê os frutos.
Dom Ricardo enalteceu os queridos padres, pois o que seria da Diocese sem eles. “A dedicação dos padres não está nos meios de comunicação, mas, sim, no dia a dia, atendendo o seu povo, cuidando de suas paróquias. Por isso resolvemos comemorar o jubileu rezando com vocês. Porque tanto o clero como os diáconos permanentes que temos aqui é uma benção”, comemorou Dom Ricardo, se dizendo privilegiado por ter um grupo tão coeso, unido e dedicado que, na história atual, é um presente para a Diocese. Dom Ricardo lembrou que nesse dia, seria acesa a vela da esperança e em 12 de setembro, finalização da comemoração do Jubileu, a vela da caridade.
Música e espiritualidade – O Frei Gilson veio até Rio Grande para celebrar os 50 anos de criação da Diocese do Rio Grande e foi um capítulo importante na Festa do Jubileu em três momentos distintos, marcados pela espiritualidade. O Frei Gilson ficou muito conhecido nacionalmente por sua atuação nas redes sociais, com pregações e lives musicais, além da participação em programas de redes católicas de televisão. Com isso reúne milhões de seguidores nas redes sociais e de visualizações nas suas músicas.
Na tarde do dia 27, ele presidiu a Celebração Eucarística na Catedral de São Pedro, transmitida para milhares de pessoas pelas redes sociais da Diocese. No mesmo dia, às 22h, ao lado de São Pedro e Nossa Senhora de Fátima, foi realizada uma Live Musical com o Frei Gilson - Som do Monte, um show musical voltado à fé e à espiritualidade. E no final de todo esse ciclo de celebração, às 04 da madrugada do dia 28, os cristãos da Diocese acompanharam o Santo Rosário com Frei Gilson e Dom Ricardo.
Embora toda essa comemoração tenha sido feita com os protocolos de distanciamento contra a pandemia e, principalmente, de modo virtual, não deixou a desejar em nenhum momento. Muito pelo contrário, pela intensa participação dos cristãos pelas redes sociais em todos os momentos, mostra o quanto a fé cristã é vívida e se constrói no engajamento do povo de Deus nesses momentos históricos e de celebração.
E a festa espiritual, com momentos de orações, devocionais e de muita fé, em comemoração aos 50 anos da Diocese do Rio Grande continua. O ano jubilar se estende até 12 de setembro deste ano, data que se completa 50 anos da instalação da Diocese, com a posse de Dom Frederico Didonet como primeiro bispo, consolidando-se assim como Diocese do Rio Grande. Até lá, outras atividades serão divulgadas desse momento histórico tão importante para a nossa Diocese.