O Papa Francisco celebrou a missa na capela da Casa Santa Marta, nesta segunda-feira (12 de junho).
A experiência da consolação esteve no centro da homilia do Santo Padre. O Papa frisou que a Primeira Leitura do dia fala oito vezes de consolação. Para o Pontífice foi uma ocasião para refletir sobre qual é a consolação à qual São Paulo se refere. A sua primeira característica é a de não ser autônoma.
A experiência da consolação, que é uma experiência espiritual, precisa sempre da alteridade para ser plena: ninguém pode consolar-se a si mesmo. Ninguém. E quem procura fazê-lo termina olhando-se no espelho. Olha-se no espelho, procura maquiar-se, se aparecer. Consola-se com essas coisas fechadas que não o deixam crescer e o ar que respira é o ar narcisista da autorrefencialidade. Esta é uma consolação maquiada porque é fechada, falta-lhe a alteridade.
No Evangelho se encontra muita gente assim, sublinhou o Papa na homilia. Por exemplo, os doutores da Lei, cheios da própria suficiência, o homem rico que vivia sempre em festas, pensando em se consolar, mas sobretudo o que expressa melhor este comportamento é a oração do fariseu diante do altar. Ele diz: Eu te agradeço porque não sou como os outros. Ele se olhava no espelho, disse Francisco, olhava a própria alma maquiada por ideologias e agradecia ao Senhor. Jesus mostra esta possibilidade de ser gente que com este modo de viver nunca alcançará a plenitude, mas a vanglória.
Para ser verdadeira, a consolação precisa de uma alteridade. Primeiramente, se recebe, pois é Deus quem consola, que dá este dom. Depois, a verdadeira consolação amadurece também outra alteridade, ou seja, a de consolar os outros. A consolação é uma passagem do dom recebido ao serviço doado, explicou o Papa:
A consolação verdadeira tem dupla alteridade: é dom e serviço. Assim, se eu deixo a consolação do Senhor entrar como dom é porque eu preciso ser consolado. Para ser consolado é necessário reconhecer-se necessitado. Somente assim, o Senhor vem, nos consola e nos dá a missão de consolar os outros. Não é fácil ter o coração aberto para receber o dom e fazer o serviço, duas alteridades que tornam possível a consolação.