“Fraternidade é superar a violência! É derramar, em vez de sangue, mais perdão!” Assim diz o início do refrão do Hino da Campanha da Fraternidade 2018, aberta ontem (15/02) à noite no Centro Diocesano de Pastoral. O Bispo Diocesano do Rio Grande, Dom Ricardo Hoepers abriu a cerimônia, destacando o tema “Fraternidade e superação da violência” e o lema “Em Cristo somos todos irmãos”. O encontro começou com a saudação da paz, apresentou o hino, enquanto jovens e adultos apresentaram cartazes sobre os tipos de violência, bandeiras, o Globo Terrestre e a Bíblia.
O Conselho das Igrejas Cristãs (Conic) realizou um momento ecumênico. Participaram o Reverendo Ramacés Hartwing (Igreja Episcopal Anglicana do Brasil), Pastor Cleber Lima e Pastor Emérito Ruben Bonato (Igreja Evangélica da Confissão Luterana) e pastor Darci Klein (Congregação Evangélica Luterana São João). “A paz é o alicerce no qual deve estar construída toda forma de vivência humana, seja dentro das nossas famílias, seja na sociedade como um todo, seja entre os povos”, evidenciou Dom Ricardo. As preces da comunidade pediram pela Igreja de Cristo, pela Diocese, pelos grupos de reflexão que irão acontecer nas comunidades e pelas pessoas vítimas de situações de violência.
A integrante da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Pelotas, Cândida Fonseca, falou sobre o tema da Campanha. As policiais civis Juliana e Damiana Tarouco, da Delegacia da Mulher, destacaram a “Violência contra as mulheres” e o Major Leandro Nunes, do 6º Batalhão da Polícia Militar, falou sobre “Violência urbana no município do Rio Grande”.
Superação da violência
Cândida salientou que a CF 2018 veio ao encontro da ausência de paz vivida pela sociedade e pela luta da cultura de paz. A Pastoral Carcerária trabalha pela pacificação. A experiência de Pelotas conta com um exemplo colombiano, que dá voz aos apenados para compreender o que cada um vivenciou e colocar-se no lugar dele para estudar o que é possível fazer. “A paz começa no seu coração, quando você se converte ao que Jesus ensinou”, afirmou. Segundo Cândida Fonseca, a maior causa da violência é a desigualdade social. “Na população carcerária, 40% nem foram julgados das cerca de 700 mil pessoas presas no Brasil”, complementa. “Quanto mais castiga, mais violência fica”, observou a representante da Pastoral Carcerária, que propõe mais perdão para que haja a reconciliação.
Violência contra a mulher
As policiais civis Juliana e Damiana apresentaram a evolução dos Direitos da Mulher, por meio de manchetes do Jornal das Moças e revistas antigas, que denunciavam uma sociedade extremamente machista. Segundo elas, o machismo, o álcool e as drogas são causadores da violência contra a mulher.
Hoje, com a Lei Maria da Penha, a mulher agredida pode solicitar medidas protetivas e, caso haja desobediência por parte do agressor, ele pode ser preso. A baixa estima, bem como a dependência emocional e financeira fazem parte do histórico da maioria das vítimas.
Juliana registrou que muitas famílias deveriam resolver seus problemas em casa antes de procurar a polícia, para que os policiais possam se dedicar aos casos realmente graves. Ao final do depoimento, elas deixaram o telefone 180, para denúncias anônimas.
Violência urbana
O Major Leonardo evidenciou que o desajuste gera violência, assim como a evasão escolar e a violência doméstica. Ele elogiou o papel da Igreja nos presídios.
Dentre as informações apresentadas sobre a violência, comentou o aumento de homicídios e roubos na região, de 2014 para cá. No mesmo período, o efetivo, que deveria ter crescido ou continuado estável, foi reduzido de 409 para 274 policiais militares. A defasagem de servidores fez com que três companhias se transformassem em uma só. O 6º Batalhão atende Rio Grande, São José do Norte, Santa Vitória e Chuí.
“É um trabalho complexo, que lida com conflitos. O policial recebe treinamento constante para lidar com a situação na qual, pelo menos, uma das partes, o bandido, estará contra ele”, explicou o Major.
Uma das esperanças está no treinamento de crianças. Vinte mil já receberam o treinamento do Programa Nacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd).
Dom Ricardo finalizou o encontro com a bênção final. Estiveram presentes o Prefeito Alexandre Lindenmeyer e o vice, Paulo Renato Gomes; o vereador Júlio César Silva; o comandante do 5º Distrito Naval, vice-almirante José Renato de Oliveira, e o representante do 6º GAC, 2º Tenente Nívio Denis Corrêa; entre outras autoridades.