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Abertura da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 é marcada pelo diálogo
19/02/2021

A Campanha da Fraternidade Ecumênica foi aberta oficialmente pela Diocese do Rio Grande no Centro Diocesano de Pastoral, com o tema “Cristo é a nossa Paz! Do que era dividido fez uma unidade (Ef 2,14)”, e a provocação reflexiva “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor!”. Como foi destacado na abertura do evento, a Campanha da Fraternidade trata de uma ação ampla de evangelização sendo que, desde 2000, a cada cinco anos a Campanha é ecumênica.


          Um momento de espiritualidade inicial apresentou o Hino e a Oração da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021, com foco na necessidade de estabelecer pontes que unem e não muros que separam, além do amor redentor aos mais necessitados. Também houve a reflexão pela palavra, com um trecho do evangelista Lucas sobre o caminho de Emaús (Lc. 24, 13-35), quando Jesus possibilita o diálogo com os seus discípulos e depois reparte o pão.


          Para uma maior reflexão sobre o propósito da Campanha da Fraternidade desse ano, foram convidados o padre salesiano Leandro Brum Pinheiro, representando a Diocese do Rio Grande, o pastor Cleber Lima, da Igreja Luterana e o reverendo Ramacés Hartwig da Igreja Anglicana. Ao saudar os presentes, o Bispo Dom Ricardo Hoepers reforçou sua grande alegria nesse momento junto das igrejas cristãs. Ele citou a Exortação Apostólica do Papa Francisco Evangelii Gaudium, no início do seu pontificado, “alegria que vem do evangelho”, porque é o evangelho que nos une. Dom Ricardo acredita que é possível mais tolerância, mais diálogo, mais amor. “Devemos tornar possíveis os sonhos de Deus”, considerou o Bispo Diocesano.


          Logo após, o Padre Leandro falou sobre diálogo e amor, propósitos da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021, destacando que diálogo é uma ação de reciprocidade, uma opção profunda de vida que exige abertura e respeito para aprender e crescer como irmãos. Questionou qual tipo de diálogo que nós, como discípulos de Jesus, queremos viver. Para ele, o trecho do evangelho sobre o caminho de Emaús mostra bem como deve ser esse diálogo. Ou seja, Jesus começa acompanhando os discípulos, deixa que eles falem, escuta atento suas dúvidas e angústias, simplesmente escuta, e depois se preocupa em explicar não com verdades absolutas, mas com exemplos reais, “e as palavras vão deixando de ser palavras e se tornam um gesto concreto – de partir e repartir o pão”.

 

          Para o padre Leandro, dialogar é uma arte e um aprendizado. Entre os próprios discípulos e as primeiras comunidades cristãs, o diálogo foi essencial para aparar as arestas. Muitos diálogos tiveram que acontecer lá no início, com crenças tão diferentes, e pondera que hoje também acontece entre os cristãos atuais a necessidade de diálogo, apesar de suas diferenças. Frisou que o Papa Francisco fala da cultura do encontro e em um olhar de fé, Jesus Cristo nos une e é o centro de nosso diálogo. “Precisamos acolher e ouvir mais. Esse é o grande testemunho que os cristãos de hoje precisam dar, pois Cristo veio para reunir os seus que estavam dispersos”, evocou o padre.


           Na sequência o pastor Cleber Lima leu o posicionamento da Igreja Episcopal Luterana do Brasil (IELB) sobre o fato de pessoas que não entenderam a magnitude da Campanha da Fraternidade Ecumênica e, portanto, a atacam de todas as maneiras. A nota presta solidariedade às pessoas que estão sofrendo perseguição devido a isso, lembrando que “Cristo é a Paz que nos une”. Para o pastor Cleber, é preciso dialogar em todos os momentos de nossa caminhada. “Somos hóspedes nesse mundo de Deus, mas constantemente esse mundo está sendo maculado pela nossa arrogância e ousadia”, ponderou.


            Segundo ele, a Campanha nos convida a pensar adiante, em cinco palavras chaves: fraternidade, diálogo, paz, unidade e amor. E um ponto fundamental é cada um se entender como um servo nesse mundo. Citou o apóstolo Paulo que escreve para essa igreja que é corpo, onde deve haver comunhão e unidade, todos interligados num único corpo vital ligado a Cristo. “Se calarmos a nossa palavra profética, a igreja perde sua essência de unidade. Precisamos edificar pontes entre nós, a exemplo do grande carpinteiro, para podermos propagar a paz”, conclamou.


            Já o reverendo Ramacés Hartwig, da Igreja Anglicana do Salvador, lembrou do ditado “fora do amor não há salvação”. Ele disse ser muito tocado pelo texto de Emaús, pois trata do caminho que vai sendo feito conforme se vai caminhando. E para isso, Jesus tem duas práticas essenciais: provoca o diálogo dos discípulos e dá o exemplo maior da caridade, dividindo o pão. “Nessa caminhada de Emaús, nossas igrejas continuam tentando construir caminhos”, citou o reverendo, exemplificando com testemunhos da sua igreja: o sopão solidário na Vila Maria dos Anjos (lixão) e o trabalho com os indígenas no Cassino e em Domingos Petroline.


             Ele disse ter sido profundamente marcado, durante a pandemia, no acolhimento do pessoal de rua, no Centro de Eventos, quando na Quinta-Feira Santa do ano passado, diz ter feito a melhor eucaristia da sua vida. “Naquela noite com o pessoal de rua, que repartia suas viandas de alimentos com os seus cachorros”, relatou. Lembrou a atitude de Dom Ricardo que, após uma chuva que inundou o Centro de Eventos acolheu o pessoal de rua na Casa de Formação Dom Frederico Didonet. Mas, para ele, infelizmente aquele trabalho acabou e o povo da rua voltou a ser invisível. Destacou o trabalho do Conselho de Ensino Religioso de Rio Grande (CONER), que é ecumênico e inter-religioso. Para o reverendo, a triste lição da pandemia é que somos todos iguais e que não há saída fora do amor e da caridade para construir um novo mundo.


              Dom Ricardo finalizou o evento em um momento inter-religioso, acendendo uma vela amarela em sinal de esperança, lembrando todos os falecidos do Covid-19 e familiares que sofreram as perdas de entes queridos. “É a vela da esperança pedindo a oração de todos para que Deus acolha as almas que partiram e ilumine as famílias enlutadas”.

 

Pastoral da Comunicação Diocesana

Fotos: Bruno Soares Rios / Pastoral da Comunicação

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