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Semana Santa: "Morrer com Cristo para viver ressuscitado com Ele"
30/03/2021

“Morrer com Cristo para viver ressuscitado com Ele” é a proposta do Padre Gil Raul Pereira Júnior, Vigário Geral da Diocese do Rio Grande e pároco da Catedral de São Pedro, nessa Semana Santa de 2021. Ele lembra que, anualmente, se repete uma proposta de conversão no caminho quaresmal, mas que não se trata de um caminho fácil, pois o deserto individual de cada um também é sempre um local inóspito, sem confortos, que precisa ser ultrapassado.


Um exemplo do deserto que se percorre hoje vem em forma de pandemia, quando tantos lutos se somam diuturnamente; é, portanto, um deserto ainda mais devastador no sentido de solidão e dor pelas perdas de entes queridos. “Isso faz que, conforme o povo hebreu não andava sozinho, pois o Senhor jamais os abandonou, nós também tenhamos o mesmo anseio dessa companhia essencial em nossa vida”, destacou padre Gil.


Para ele, “cada cristão faz essa mesma Aliança de amor e fidelidade com Deus no seu Batismo e, estando a caminho da “Terra Prometida” do Reino do Céu, vai percorrendo as estradas da sua existência, com altos e baixos, com alegrias e dificuldades, sabendo que também não está andando sozinho, mas o Senhor caminha junto, alimentando sua vida com o “maná” da Palavra e da Eucaristia. Assim, alimentados, nós podemos caminhar com confiança, mesmo que rodeados de perigos ao longo de toda a nossa vida”.


Seguindo os passos de Jesus - Por isso, a importância do caminho quaresmal, que vai desembocar na Semana Santa, onde todos são convidados a acompanhar os passos de Jesus na direção do Calvário e da Ressurreição. Esses passos, segundo padre Gil, vão ressignificar as nossas vidas. Primeiro, Jesus entra em Jerusalém, aclamado pelas multidões simples que estavam em peregrinação à Cidade Santa para a Festa da Páscoa. Padre Gil questiona se hoje cada um pode também aclamar o Cristo com alegria e júbilo?


Num segundo passo, na ceia onde o Senhor se dá totalmente no pão e no vinho consagrados e repartidos, presença dele prometida até o fim dos tempos, ao lavar os pés dos discípulos, Jesus manda que façamos a mesma coisa uns com os outros. “Caminhar com Cristo significa aprender com Ele a arte da entrega total pelos outros, por amor. Aprendemos que a cidadania do alto se dá justamente por meio do amor de total alteridade e entrega”, ponderou o pároco da Catedral de São Pedro.


Os passos seguintes são conflituosos e dramáticos. Após a Ceia, Jesus é preso e condenado, com o povo sentenciando a sua crucificação. Na análise do padre, todos podem se identificar com vários personagens ali existentes. “Seja o covarde Pilatos, que lava as mãos para não se comprometer com Jesus; os discípulos assustados, que agem como baratas tontas, tentando achar um lugar seguro; o traidor Judas, que vende Jesus por trinta moedas de prata e depois se enforca; o igualmente traidor Pedro, que nega conhecer Jesus por três vezes, mas depois se arrepende e chora; o povo que grita pela morte de Jesus, e zomba dele, e cospe nele... Podemos nos identificar com Maria, corajosa, aos pés da cruz, ou com João, o discípulo amado e fiel, ou com Maria Madalena, ou com Simão de Cirene, José de Arimatéia ou até mesmo Nicodemos...”


E embora muitos pensem que a história termine com a morte e sepultamento de Jesus, pelo contrário, aponta a análise do padre Gil, mostrando que cada um de nós continua a história, sendo convidado a percorrer com fidelidade os caminhos do Senhor na sua Paixão e Morte. “Só assim, estaremos prontos para o acompanharmos na sua Ressurreição e Vida. Viver a vida com Cristo, carregando com Ele a nossa cruz, nos torna aptos para ressuscitar com Ele e viver essa vida de ressuscitados que Ele nos oferece, onde o pecado e a morte já não ditam mais o roteiro das nossas vidas”, explicou.


Para que isso ocorra, é importante que nessa Páscoa, todos direcionem seus olhares para as coisas do alto. “Isto significa imprimir na nossa existência um novo DNA, uma nova identidade, de pessoas ressuscitadas, que procuram viver na sua existência os valores do Reino de Deus, as propostas que Jesus nos faz nos santos Evangelhos, que vão nos ajudar a, em cada dia, dar passos de conversão e de vida, frisou padre Gil, ou seja, escolhendo Jesus cotidianamente. Isto se tornará para nós uma Páscoa diariamente vivida, uma antecipação do Paraíso”.


E como essa não é uma caminhada nada fácil, padre Gil propõe um tema de casa para estes dias da Semana Santa e Tríduo Pascal. “Pega um crucifixo que tenha na tua casa, sente-se confortavelmente e em silêncio contemple Jesus na Cruz por um bom tempo... Medite tudo aquilo que Ele passou por você e se pergunte: estou fazendo valer a pena esse Sacrifício Redentor de Cristo? Ele está me conduzindo por um caminho de Ressurreição? O que está me impedindo de viver ressuscitado com Cristo? Tenho a certeza de que, vivendo assim a Semana Santa poderemos viver de modo intenso, novo e entusiasmado a Páscoa do Senhor, pois estaremos num caminho de Ressurreição com Jesus”, desejando a todos uma Feliz Páscoa!


Matéria: Lucilene Zafalon/ Pastoral da Comunicação Diocesana