Notícias - Diocese

Pesquisa histórica aponta lado amigo e equilibrado de Dom Didonet
18/08/2021

 “O impacto religioso e cultural da criação da Diocese do Rio Grande (1971) e a figura do bispo Dom Frederico Didonet”, foi o tema escolhido por Wendel Bittencourt da Silva, para o seu trabalho de conclusão no curso de Licenciatura em História, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), sob orientação do Prof. Dr. Luiz Henrique Torres. Para ele, que sempre buscou vivenciar a sua fé, foi um caminho natural pesquisar algo que pudesse contemplar tudo aquilo que ama. “Eu sabia que ia fazer algo para a Igreja, mas, com o tempo, fui discernindo que o melhor seria contribuir para uma história local”, contou.

 

Ele não pretendia descobrir tantas coisas quanto acabou descobrindo no seu trabalho. Inicialmente, a ideia era escrever um pouco daquela história oral que as pessoas conhecidas sempre passavam pra ele sobre a fundação da Diocese e Dom Frederico Didonet. Mas como a história da Igreja do Rio Grande vai se misturando um pouco com a história do RS, muitos porquês acabaram pairando nas reflexões do historiador, como por exemplo, por que Rio Grande não foi a primeira diocese do Estado. “Olhando numa perspectiva da fé, foi naquele momento que Deus queria que a nossa Diocese fosse criada, ou seja, um marco, um novo respirar, mesmo sendo uma cidade histórica, somos uma diocese nova. E isso tem o seu lado bom, porque estamos ainda criando uma caminhada de juventude como Igreja”, refletiu.

 

No que se refere à figura de Dom Frederico, já havia um material biográfico falando da sua infância, da sua história, porém como era um trabalho histórico, buscou dar um enfoque sobre como ele se relacionava com algumas questões sociais e, vindo do Concílio do Vaticano II, como ele se reinventou com isso. “Dom Frederico foi muito conciliar, fez palestras sobre as novas recomendações do Concílio Vaticano II, era alguém muito aberto a mudanças”, constatou em sua pesquisa. E quando se olha para a questão social, foi possível verificar que Dom Frederico era um homem muito equilibrado, amava a todos, pobres e ricos, não deixava ninguém a mercê de uma ideologia. “Ele era um homem aberto e deu essa marca para a nossa Diocese. Nós somos uma Diocese de diversidade e isso D. Frederico soube fazer com muito amor”, frisou Wendel. “Com a pesquisa, descobri que Dom Frederico era um homem muito equilibrado e não tomava partido, como um pai, um pastor, uma figura verdadeiramente de Cristo, que abraça a todos”, resumiu.

 

Conforme Wendel, o que mais o surpreendeu nessa pesquisa, foram os anos de luta para formação da Diocese. “Hoje em dia nós recebemos tudo pronto, uma história bonita, mas muitas pessoas lutaram durante anos para que essa diocese fosse constituída. Além disso, me cativou muito a história de Dom Frederico, vindo de uma família muito simples, se torna um homem inteligentíssimo e com certeza, olhando numa perspectiva da fé, um homem que Deus escolheu para começar a caminhada dessa diocese que merecia tanto, por conta desses anos de luta”, descreveu ele.

 

História e Caminhada - Para Wendel, a História pode ajudar no trabalho de evangelização, principalmente pelo fato da Igreja viver por meio da história. “Pelas vidas dos santos nós tiramos muito o que somos; também da palavra de Deus que veio da história passada de geração em geração. Durante muito tempo, inclusive, era uma das grandes fontes históricas para a humanidade”. Do ponto de vista local, ele frisou que é necessário que se compreenda a nossa história para que a gente possa valorizar quem somos como diocese, valorizar a luta de muitas pessoas que vieram antes de nós, que da sua forma, também evangelizavam. “É uma tradição oral, de um pai ensinando para um filho e assim vai sucessivamente, na tradição da Igreja. A gente acredita que a história muda a vida da Igreja”, afirmou.

 

Wendel tem uma caminhada na Igreja e acredita que isso contribuiu no processo de pesquisa. “Eu, desde criança, busco viver bem a minha fé, participar da comunidade, receber sempre os sacramentos. Na verdade, a Igreja constituiu toda a pessoa que eu sou”. Por isso, quando entrou no curso de História, desde o início já pensava em fazer algum trabalho voltado a ajudar a Igreja. Em uma visita no Seminário diocesano, descobriu o livro da biografia de Dom Frederico, quando então pensou na possibilidade de falar sobre a sua trajetória dentro dos 50 anos do jubileu.

 

Como não poderia deixar de ser, ele também entende que a Igreja contribuiu na sua formação como pessoa. “A Igreja sempre foi suporte e uma prioridade na minha vida, mesmo com os meus erros, as minhas dificuldades, eu sempre busquei pensar como Jesus faria as coisas, como eu, estando no mundo, poderia dar esse testemunho também como cristão”. Uma das dificuldades enfrentadas no curso de História foi porque muitas pessoas acham que para seguir uma carreira, buscar olhar o lado científico que é muito importante, é preciso esconder a sua fé, deixar a sua fé de lado. “Para mim sempre foi uma luta ao contrário, de ter que demonstrar a minha fé, evangelizando de alguma forma, nem que seja pouquinho nem que eu não possa falar tanto. Em alguns debates no meu curso, por exemplo, muitos iam contra a minha fé, mas sempre tentei buscar uma coerência naquilo que eu sou, na minha essência”, testemunhou.

 

Embora inicialmente não tenha interesse em uma publicação científica, Wendel pretende partilhar a sua pesquisa, priorizando a questão da evangelização e da fé, com o povo diocesano local. No mês de setembro, nas atividades que encerram o ano jubilar, haverá um programa pelas redes sociais, onde será divulgado o resultado desse trabalho. Além disso, também será compartilhado por meio de palestras, entrevistas, nos grupos de jovens etc. “Acho que Dom Frederico foi um grande amigo dos jovens e merece ser conhecido e celebrado por aqueles que entram na Igreja agora”, concluiu.

 

Matéria: Lucilene Zafalon/ Pascom Diocesana

Galeria de fotos