No segundo semestre deste ano, mais precisamente após o fechamento do Ano Jubilar, muitas paróquias da Diocese do Rio Grande estão concluindo a formação com o Sacramento do Crisma em suas comunidades cristãs. Nesse domingo, foi a vez da Paróquia Santo Antônio, no município de Tavares, com a presença do bispo diocesano Dom Ricardo Hoepers para a celebração da Santa Missa e do Sacramento da maturidade da fé, como reforçado pelo bispo a uma turma de 24 crismandos, após dois anos de preparação. Dom Ricardo destacou que todos os crismados são ungidos e fortalecidos; portanto, não devem ter medo de se aproximar do amor de Deus.
Contudo, ele lembrou que o amor de Deus também traz algumas exigências. E aproveitando a Solenidade de Todos os Santos, nesse domingo, convidou os crismados a viverem a santidade que, na verdade, segundo o bispo, trata-se de manter-se perseverante. “O segredo é colocar-se nas mãos de Deus, agradecendo pelos dias vividos, que Ele vai conduzindo a nossa vida. Reze pela pessoa que você ama e quer bem, mas também por aquela que lhe magoou, pois temos que ser construtores da paz”, frisou.
Em sua mensagem, que pode ser direcionada a todos os que receberam o sacramento do Crisma na Diocese, Dom Ricardo ponderou que os crismados devem ter a consciência de que recebem o Espírito Santo para serem pessoas diferentes, mais corajosas e firmes. “Muitas pessoas, por medo, se fecham no seu mundinho pessoal, e o mundo está aí precisando de lideranças e de pessoas que falem o bem. Nós que somos católicos cristãos e crismados precisamos fazer a diferença no mundo”, convidou àqueles que receberam o Sacramento.
Festa do Rosário – No final de outubro, a Comunidade Santo Antônio concluiu um outro evento importante na paróquia, renovando a tradicional Festa e Devoção em honra a Nossa Senhora do Rosário, cuja data litúrgica, na verdade, é dia 07 de outubro. Mas a Comunidade Católica de Tavares, já há alguns anos, decidiu organizar essa festa religiosa sempre no final do mês para não coincidir com outras agendas importantes, como eleições e a Romaria de Fátima.
Conforme pesquisa do pároco Márcio Gonçalves, provavelmente a primeira Festa de Nossa Senhora do Rosário ocorreu em 1957, idealizada por um português residente em Tavares, chamado Alfredo Lisboa. Ele teria ficado comovido, na época, pelo forte racismo na localidade e por uma rivalidade que separava brancos e negros nas festas da cidade e região (os mais antigos contam que, nos bailes da cidade, passava-se uma corda para separar um público do outro). E por isso, Lisboa comprou uma imagem da Virgem Santíssima, sob o título de Nossa Senhora do Rosário, para ser a Padroeira da Festa que acabava de nascer. Junto veio a devoção à Virgem do Rosário.
Inicialmente, a festa não tinha cunho religioso e era realizada na casa do Sr. Alfredo Lisboa. Depois de alguns anos, ele doou a imagem para a Capela Santo Antônio, que hoje se encontra ao lado direito do altar. Como, naquele tempo, não existia um salão da Igreja, a Festa, com seus tradicionais bailes, acontecia no Clube Tavarense, na época, um grande galpão. Devido a algumas divergências futuras, os festejos da Capela tiveram uma pausa em 1973, só retornando em 1981, com um novo grupo coordenador na Comunidade que se empenhou pela construção do Salão Paroquial, onde os bailes passaram a ser realizados, colocando um fim na separação entre brancos e negros nas Festas da Igreja. “Assim, todos celebravam e dançavam juntos, o que continua até os dias atuais”, contou o Padre Márcio Gonçalves.
Segundo Veridiana Pagano, da catequese da paróquia, esse ano foi mantida a tradição em Tavares, embora sem os tradicionais bailes, devido à pandemia. “O padre quis fazer mais uma festa de oração, focando no santo rosário, com o revezamento dos grupos da comunidade”, explicou. A Festa começou no domingo, dia 17/10, com a plantação do mastro, Santa Missa e abertura do Sínodo. A programação seguiu com missas todos os dias da semana e muitos momentos especiais, como o envio das missionárias da Mãe Peregrina e uma Adoração ao Santíssimo, com Cura de Traumas Passados. “Foi um momento muito bonito na vida da gente”, comentou a catequista.
Na Missa Festiva do domingo, dia 24/10, todos os coordenadores de capelas vieram com as suas bandeiras, simbolizando uma união dessa festa que é de toda a paróquia. Veridiana contou que foi uma semana de bastante trabalho e desafiadora, tendo acontecido alguns problemas. “Porém, com fé e confiança da nossa equipe, tudo deu certo no final, porque quem caminha com Maria do lado, sempre segue em frente. Afinal, como o padre Márcio destacou em sua live especial na última sexta-feira da Festa, Maria é nossa intercessora e ela não nos abandona”, concluiu a catequista.
Matéria: Lucilene Zafalon / Pastoral da Comunicação Diocesana